Um casal foi apresentado em plena Praça São Pedro, no dia 21 de outubro de 2001 pelo Papa João Paulo II como modelo de santidade no matrimônio. Estamos falando de Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi primeiro casal beatificado pela Igreja.
E o que eles fizeram para que isso acontecesse? Testemunharam através de uma vida familiar simples e intensa, que a santidade se constrói no cotidiano. Uma notícia que para muitos pode causar um certo estranhamento, mas se o homem tivesse mais consciência para que ele veio a este mundo, esta deveria ser a sua meta de vida: Ser santo.
Vida
Os dois nasceram no fim do século XIX e sua vida estendeu-se por toda a primeira metade do século seguinte: Luigi faleceu em 1951 e Maria em 1965. Casaram-se em 1905, em Roma, onde fizeram os estudos universitários: Luigi, direito, Maria, contabilidade. Luigi fez uma carreira brilhante e chegou a ser vice-advogado geral do Estado italiano, além de consultor legal de grandes empresas e bancos. Maria, junto com os estudos comerciais, recebeu uma formação humanista sólida e diversificada, que a ajudou a desenvolver uma notável personalidade de escritora: publicou doze obras sobre família, formação espiritual dos filhos e espiritualidade. Nestas, atingiu um nível de autêntica experiência contemplativa.
Tiveram quatro filhos: o mais velho tornou-se sacerdote, a segunda entrou num mosteiro beneditino, o terceiro fez-se monge trapista. A quarta filha nasceu como fruto da decisão heróica do casal, que recusou a proposta de aborto do ginecologista, para salvar a mãe. Ela ficou em casa e acompanhou os pais, e sobretudo a mãe, até o último instante. As vocações dos filhos desabrocharam na mais absoluta liberdade, nunca propostas, mas fruto do clima evangélico que se vivia na família.
Formação espiritual
No caminho espiritual de Luigi e Maria, foi determinante a presença de alguns diretores espirituais, entre eles o Pe.Garrigou Lagrange, grande mestre de teologia, ascética e mística. A participação regular em retiros e cursos de cultura religiosa contribuiu muito para sua formação.
Participavam juntos da Missa diária; em casa havia momentos de oração comum (de manhã, às refeições, à noite) com o terço e o alimento da Palavra de Deus. A família foi consagrada ao Sagrado Coração e, a cada mês, todos participavam da "hora santa" em casa.
Essa riqueza espiritual abria-se em caridade e apostolado em todos os ambientes. Foi escrito que a casa Beltrame tinha-se tornado uma clínica 24 horas para o espírito e o corpo. Luigi colocava a disposição de muitas pessoas suas extraordinárias capacidades profissionais e o prestígio adquirido nos mais altos níveis, para socorrê-las com o conselho, o conforto e a ajuda.
Apostolado
Quando na Itália começou o escotismo, Luigi “em plena sintonia com Maria” intuiu logo sua importância formativa e tornou-se um dos primeiros promotores. É difícil medir o alcance de seu discreto e ativo apostolado de ambiente, porque só Deus sabe quantos colegas e amigos, delicadamente impulsionados e acompanhados por ele a reuniões e encontros com ilustres mestres espirituais, acabaram por achar o caminho da fé.
Maria, dedicadíssima a seus deveres de mãe e "rainha da casa", encontrou tempo e energias para suas atividades de escritora e de apostolado, apoiando o nascimento da Universidade Católica e integrando o Conselho Central da União Feminina Católica Italiana. E ainda: foi enfermeira voluntária da Cruz Vermelha, catequista numa paróquia de Roma, animadora de grupos de movimentos de espiritualidade e vida familiar... Ninguém poderá contar os inúmeros colóquios e cartas com que conseguiu recuperar pessoas afastadas de Deus (entre eles, sacerdotes e religiosas) e animar espiritualmente muitas outras.
Temos uma particular confirmação de que o caminho de santidade percorrido em conjunto, como casal, é possível, é belo, é extraordinariamente fecundo e fundamental para o bem da família, da Igreja e da sociedade.
Belo texto, bela história e bela santa família. Parabéns Manoel, a qualidade do seu blog está positivamente ótima.
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