sexta-feira, 6 de maio de 2011

As mães e adoção

Neste dia das mães focalizaremos a “mãe do coração”, aquela que abriu sua alma, seu coração, sua família e sua casa para a adoção. Ser mãe é uma experiência admirável e até indescritível, mais admirável é ser mãe pela adoção. Aqui o coração materno se dilata e chega ao máximo da nobreza, da generosidade, da oblação. Como é admirável o gesto de adoção onde as pessoas adotadas são regeneradas no coração e na alma de quem as adotou.
Todos nós somos filhos adotivos de Deu Pai. Jesus fez a experiência de filho adotivo. São José foi pai adotivo. A adoção é uma experiência profundamente enraizada na fé e no humanismo de elevado quilate dos pais e familiares que adotam. Há quem explora e abusa da adoção, inclusive, com tráfico de crianças e de outras pessoas. Por isso, precisamos de leis que venham coibir estes abusos e facilitar a adoção.
Não podemos duvidar de que a adoção é um ato de cidadania, de altruísmo, de sensibilidade, de sabedoria e de amor. É um ato fraterno admirável e digno de louvor porque ter um pai e uma mãe, uma família, é direito de todos. É com a adoção que tiramos pessoas da rua, do analfabetismo, das drogas, da violência. Adoção é um ato de amor social, de respeito pela dignidade humana, de salvação humana e espiritual de muitas vidas. Com a adoção a pastoral do acolhimento atinge seu mais alto grau.
Muitas de nossas pastorais têm na adoção uma grande aliada, uma concreta solução de problemas familiares e sociais graves. Assim, a Pastoral da criança, do menor, do habitante de rua, da migração e do tráfico de pessoas, ajudam a solucionar desafios sociais através da adoção.
Quem acolhe uma criança em meu nome acolhe a mim mesmo, disse Jesus (cf. Mc 9,37). Uma criança ou pessoa abandonada, sem família, é aquela pedra rejeitada que se torna pedra angular pela adoção. É preciso ver o rosto de Cristo nos abandonados e acolhê-los pela Pastoral do Acolhimento. Há, portanto, esperança para os abandonados a: adoção.
Jesus na cruz, também sentiu-se órfão e até abandonado, mediante o silêncio do Pai. Ele é tão pobre na cruz, como uma criança abandonada. Mas, Ele não perde a confiança e se abandona nas mãos do Pai, como uma criança abandonada se entrega a quem a adotou.
Quem é adotado, nasce de novo, faz a experiência da ressurreição, porque mesmo sendo abandonado, acredita ainda num pai e numa mãe. Na adoção encontra sua salvação humana, seu resgate. Entendemos assim que o ato de adoção é aquela “loucura do amor”, ou seja, o amor ao exagero, amor incondicional, amor ao excesso, amor doação. Os adotivos são filhos e filhas do amor, isto é, do coração. São verdadeiros filhos.
Na cruz, Jesus nos deu sua mãe, Maria. Todos somos filhos adotivos da Mãe de Deus. Não estamos órfãos. Por este gesto de Jesus podemos aquilatar a profundidade da adoção. “Se teu pai e tua mãe te abandonarem, Deus te acolherá” (Sl 26, 10). Jesus nos deu seu Pai e sua Mãe. Fomos adotados na família divina. Quem adota uma pessoa, mesmo sem saber e querer, está sendo sacramento do amor de Deus. Adotar é um ato divino. Se um casal adota alguém por causa da esterilidade, este gesto de adoção torna a esterilidade fecunda.
Neste dia das mães, nossa homenagem se volta para as mães do coração, que acolheram alguém pela adoção, assim como a Mãe Maria e a Mãe Igreja nos acolheram, são nossas mães e todos nós somos seus filhos e filhas adotivos. Viva a adoção.
Como não lembrar as mães, as famílias, os casais que adotam pessoas especiais, portadores do vírus HIV e até egressos das prisões? Como é grande o coração humano. Não esquecemos as pessoas e famílias que adotam e cuidam de várias crianças ou adultos como vemos nos noticiários. Adotam, vinte, trinta, cinqüenta pessoas. A estas mães e pais, nossa homenagem. “Eu era forasteiro, e me acolhestes” (Mt 25,36).
 
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina/PR
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para a Vida e a Família - CNBB

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