Ninguém vive sem respirar, comer ou dormir, etc. As ciências humanas e a história das religiões constatam que a busca pela eternidade é um dos impulsos mais presentes da natureza humana em todos os povos e civilizações.
Se esta é uma verdade da natureza humana temos que admitir que a oração se apresenta como uma exigência desta natureza. Como seres humanos vivemos no tempo, mas nossa vocação maior é a eternidade.
A busca pelo espiritual é uma necessidade em nossa vida. Assim como não vivemos sem comer, dormir ou respirar, não seremos em absoluto sadios em nossa condição humana sem o cultivo de um dos impulsos mais básicos de nossa natureza, a aspiração para a comunhão com Deus. Nisto a oração não tem substituto. E veja, não se trata do saber como rezar. Se reza ou não se reza. Não há o que discutir.
A ruptura de nossa amizade com Deus gera uma tensão em nossa vida. Excluir a oração, na verdade, é um desamor que poderemos cometer contra nossa natureza humana. Podemos mesmo afirmar que quem não reza é um ser debilitado em sua natureza humano-espiritual.
Berdiaeff, um dos grandes antropólogos atuais escreve: "Ao estudar o ser humano através dos tempos encontrei sistemas ateus, jamais civilizações atéias". Alguém pode dizer sou ateu ou não tenho fé. O que não pode negar é a presença do espiritual no coração do homem e das civilizações humanas.
Como questionar então a necessidade da oração à nível pessoal, de família, de comunidade e de Igreja? É impensável e mesmo incompreensível. Todos os homens e mulheres de Deus do AT e NT, da Igreja, os santos e santas de todos os tempos encontraram na oração a sua razão de ser, de existir em Deus e no serviço de amor aos irmãos.
Ora, sendo a família a célula básica da sociedade humana, se não houver oração, a mesma se encontrará fragilizada em sua estrutura humana e espiritual. O que aconteceu com a família de Adão e Eva ao romperem a amizade com Deus, o mesmo acontecerá com toda a família onde pais e filhos não rezam juntos. Com a exclusão de Deus, o paraíso da boa convivência na relação pais e filhos se fragiliza e termina na tragédia da família de Adão e Eva, como de tantas de nossas famílias.
Queridos pais, se seus filhos não virem vocês rezarem terão sérias dificuldades para aprenderem a rezar. Você pais são e devem ser por natureza os primeiros evangelizadores dos filhos. A família é o berço natural da evangelização, da vida, dos valores. O fracasso da vida de oração dos pais, normalmente se transforma em pobreza de oração na vida dos filhos, da família, da sociedade, da Igreja e da própria humanidade.
Queridos pais, é bom e louvável ver o zelo e doação de vocês para dar o necessário e digno para que seus filhos triunfem e se realizem profissionalmente na vida, mas por amor a Deus, não descuidem e nem deixem seus filhos na orfandade do maior bem a ser oferecido a eles, isto é, a riqueza dos valores da vida, da oração e da comunhão com Deus.
Padre Evaristo Debiasi
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