sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O incômodo divórcio

Aconteceu mais de dez vezes. Por isso penso ser hora de me pronunciar. Escrevi em l974 uma canção chamada “Utopia”. Correu mundo e já foi cantada em mais de 40 países. Quase não há recanto do país onde não se cante. Nela, há uma frase final: -Se os pais amassem, o divórcio não viria!  A palavra difícil é “divórcio”. Há quem a modifique. Parece palavra dura demais para alguns cantores, cantoras e editores!
A maioria dos cantores a canta, mas sei de uns trinta que se negam a cantá-la nos shows ou gravações. Mudam minha letra para “ tudo isso não viria” , ou para “tanta crise não viria” ou ainda, para “a distância não viria”. Não sei os motivos, mas, um deles me explicou que mudara a palavra porque não gostaria de conflitar com os divorciados na gravadora onde trabalhava. Eles não a divulgariam, porque quatro deles eram divorciados…
Reagi dizendo que então ele deveria compor a dele e não modificar a minha! Não componho canções, nem para vender milhões de CDs, nem para agradar a todos os ouvidos, da mesma forma que os evangelhos não foram escritos apenas para agradar. Os autores dos evangelhos assumem a controvérsia. Deixam claro que Jesus propôs, em palavras claríssimas, que, com ele, a lei seria bem mais exigente. ( Mt 19, 3-12) A doutrina é dura. Cantar o que Jesus disse parece-me dever do cantor cristão.
Se alguém quiser mensagem mais amena deve compor sua própria melodia e canção. No meu caso, mesmo tendo grandes amigos e até familiares que se divorciaram, sei que há outras formas de ser carinhoso e gentil com eles, sem modificar a doutrina da Igreja. Ser amigo não é concordar em tudo! Meus amigos sabem disso! Eles também não concordam em tudo comigo, por que haveria eu de concordar com eles em tudo?
O texto foi escrito para dizer que, se o casal se amasse ao ponto do sacrifício, lutaria mais pelo seu casamento e, se ambos amassem a este ponto, fariam de tudo para não se divorciar. Acontecer acontece, mas nossa sociedade tornou-se condescendente por demais na questão do “estar bem!” Em alguns países alguém pode se divorciar em questão de dias ou de horas!
Que a canção faz pensar, não resta dúvidas! Sei disso pelas cartas e e-mail que recebo. Alguns textos são para ofender. A maioria, porém é para agradecer pela canção que os levou a repensar seu casamento. Jesus poderia ter abrandado a questão do divórcio. E ele amava como ninguém jamais amou! Se ele, amoroso como era, não abrandou, não serei eu a abrandá-la. Continuarei cantando que “se os pais amassem, o divórcio não viria.”  Quem quiser cantar minha canção está proibido de mudar a letra! Em dois casos, os cantores retiraram a canção de seu álbum. Direito deles, direito meu! Comunicar nem sempre rima com amenizar. Mudar o texto não muda o contexto!
FONTE: Pe. Zezinho, SCJ

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Ver papai cantar pra gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente
Correu o tempo
E eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Enquanto muitos não a tem
Agora falam
Do desquite ou do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chame a isso de utopia
Eu a isso chamo paz.
 
 Sem dúvida, uma das mais lindas canções da lavra do nosso padre Zezinho. Este que é na minha opinião uma grande evangelizador e responsável por nos trazer a mensagem catolica através de suas músicas. Acredito que foi através dele que muitos conheceram o sentido de ser catolico, de amar mais a família (quem não conhece, canta e se emociona com a Oração pela família). Temos mesmo que agradecer, prestigiar, ler e conhecer suas obras, não só musicais, como as impressas. Seus textos são tão bem escritos, que sinto até um pouco de inveja (sei que a inveja é pecado capital). Duas coisas neste mundo me fazem parar e me emocionar como ser humano. Acho uma maravilha quando algúem tem o dom de falar, de escrever, de fazer com que uma pláteia fique atenta, e outra coisa e quando vejo uma pessoa educada, que sabe respeitar as pessoas (questão de cidadania). 
Quanto a mudança na letra da música referida, fica óbvio a total falta de respeito e consideração ao pensamento do padre. Ainda bem que ele mandou este recado. Vamos esperar que estas pessoas tomem consciência, não só em relação a opinião sobre o divórcio, mas em relação a mudança da letra da música, já que  nenhum deles que teve a inspiração divina para eleborar versos tão profundos.
Já que o assunto é divorcio,olha que mensagem!

Divórcio é a solução?

"Quem não é fiel à sua consciência tem uma dívida impagável consigo mesmo". (Augusto Cury)


Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Por quê?" Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela. Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia, mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio" ,disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.

Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade, mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

3 comentários:

  1. Olá Manoel, passe para uma visita e acabei lendo essa triste e linda história.

    Paz de Cristo!

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  2. Oi, amigo
    eu estava procurando mesmo esta mensagem para mandar para um colega que está querendo se separar, que bom que postou...
    quanto ao padre Zezinho, sou apaixonada por ele, por sua postura diante do mundo, incorruptível e um excelente evangelizador, não só na música, mas já postei diversas reflexões suas que me fizeram crescer muito como cristã...
    um grande abraço e que Deus o abençoe.

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  3. Fiquei emocionada com esta história tocante! Parabéns pela postagem tão bem elaborada, reflexiva, verdadeira e profunda sobre o divórcio! Essa triste realidade vem, infelizmente, afetando tantas famílias no mundo. E a família é a base de tudo! Que Deus abençoe todas as famílias! Somente o amor fundamentado em Cristo traz a força e a luz necessária para que as famílias caminhem em união, paz e alegria.
    Abraços,
    Angela

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