sábado, 4 de fevereiro de 2012

A Parábola da Família



        De Jerusalém a família descia rumo a Jericó, na planície do grande lago salgado, abaixo do nível do mar. Descia sobre os caminhos tortuosos e impérvios da História. Numa curva da estrada, encontrou-se com os Tempos Modernos. Não eram bandidos por natureza e nem piores de tantos outros tempos; mas enfureceram-se logo contra a família, não gostando da sua paz, que ainda espelhava a luz da cidade de Deus.       
       Roubaram-lhe em primeiro lugar, a fé, que bem ou mal tinham conservado até aquele momento, dentro do sacrário da cultura popular por séculos. Depois despiram-na da unidade e da fidelidade, da casa e da terra, do trabalho e da saúde, da educação, da alegria dos filhos e de toda coisa boa que o amor e o carinho lhe ofereciam. Tiraram-lhe enfim, a serenidade e o aconchego do lar, a solidariedade da vizinhança e a hospitalidade sagrada para com os caminhantes e pobres.    
    Deixaram-na, assim, quase morta à beira da estrada e foram banquetear-se com o Materialismo, o Consumismo e o Neoliberalismo, rindo-se da desgraça da família.    
     Passou por aquele caminho um sociólogo; viu-a, estudou-a com atenção e concluiu: “A Família morreu"!    
        Aproximou-se dela um psicólogo e sentenciou: "A Família era muito opressora - é melhor acabar com ela de uma vez"!
       Achou-a por fim um padre e vendo-a começou a xingá-la: "Por que você não resistiu aos bandidos? Você devia ter lutado mais, minha filha! Teria sido você, por acaso, cúmplice dos bandidos que te agrediram?"
      Passou logo após, Jesus. Viu o estado deplorável da família e compadeceu-se dela. Curvando-se, curou-lhe as feridas, aplicando- lhe o óleo da ternura e o vinho da indignação. Depois, carregou-a nos ombros, levou-a à Igreja e entregando-lhe disse: "Já paguei por ela tudo o que devia ser pago. Comprei-a com meu sangue e quero fazer dela a minha pequena esposa. Não a deixe mais sozinha pelo caminho, em poder dos Tempos. Alimente-a com a minha Palavra e o meu Pão, e ao meu retorno, pedir-lhe-ei contas dela".

Um comentário:

  1. Olá Manoel, obrigada!
    Seu blog é muito bom e eu também fico feliz por ter encontrado um baiano por aqui!

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