Sabemos que está muito difícil educar os filhos, pois as interferências são muitas e vem de todos os lados. Os meios de comunicação, a vida escolar, os exemplos verificados dentro da nossa sociedade, tais como a violência, drogas, dificultam de maneira assustadora a educação que queremos passar aos nossos filhos. Mas tem coisas que nós não podemos dispensar e que é a única saída, que é educar para a fé, tendo como centro a figura de Jesus, seu exemplo, seus valores, suas virtudes. O amor é uma faca de dois gumes, pois tem que ser dado na medida certa e nós pecamos tanto, pois nos perdemos e ficamos sem saber até que ponto esta sendo dado em poucas doses ou então quanto extrapolamos.
Outra coisa que busco sempre é o exemplo de outras famílias, por isso, acho de fundamental importância a troca de experiências. E participando de grupos de casais temos esta oportunidade ímpar.
E é por isso, que estou colocando este artigo no blog, pois tenho certeza que podemos tirar muitas coisas boas e que por certo nos ajudarão nesta dificil e tao bonita tarefa de educar, de formar as pessoas que farão nosso futuro e dará continuidade ao nosso projeto de vida, ou seja, formar cidadãos conscientes tanto na vida civil quanto religiosa.
Alguns pais ficam desesperados diante do desafio de educar seus filhos adolescentes, especialmente diante de um mundo que não favorece a educação dos filhos. Para enfrentar esse desafio sempre busquei a orientação da Igreja Católica. Sim, apesar das falhas do “pessoal da Igreja”, sempre dei muito crédito à “pessoa da Igreja”, que é o Cristo mesmo: Eis que estarei convosco até o fim dos tempos... Lendo, assistindo palestras, refletindo sobre o tema em encontros e, mais tarde, fazendo palestras sobre o assunto, posso dizer que aprendi muito. E gostaria, com humildade, mas com certa autoridade de quem conseguiu educar bem os filhos – graças a Deus! –, de partilhar com os leitores os meus conhecimentos e minha experiência.
O amor conjugal educa
Uma das primeiras lições que aprendi com os livros do Pe. João Mohana (também médico e psicólogo, já falecido) é que a melhor maneira de educar os filhos, desde pequenos, resulta da prática do amor entre os pais: “Pais, querem educar bem a seus filhos? – amem-se profundamente !”. Esta é uma verdade que pude compreender ao longo do tempo de minha experiência de pai. De fato, se os pais se amam, e expressam esse amor diante dos filhos, esses só têm a se beneficiar, porque, no ambiente de amor criado pelo amor dos pais, eles se sentem , também, amados pelos pais; sentem-se seguros do amor dos pais, que ao expressarem o amor mútuo, passam aos filhos, naturalmente, a tão importante sensação de segurança psicológica de sentir-se amados.
No caso de pais separados, como é o caso de muitas pessoas, hoje, é muito importante que esses se comportem, diante dos filhos, ainda que vivendo separados, como verdadeiros “pais”! Os filhos, que certamente sentem tristeza pela separação dos pais – e o sentem de forma confusa!– precisam, mais do que nunca, do conforto e da certeza de que os pais, embora separados, se respeitam e ainda se interessam, solidariamente, pela educação deles e pelo seu futuro. Esta verdade deve guiar os pais no seu relacionamento de pais separados: não pode e não deve haver comportamentos de crítica negativa ou de desprezo de um pelo outro diante dos filhos! Estes sentirão profundamente o desamor dos pais e, em consequência, sentir-se-ão perdidos, inseguros e desamados pelos pais: o processo educativo deles fica totalmente comprometido, e as dificuldades naturais de educar agravam-se de forma especial.
Educação pelo amor
“O Amor é tudo” (Love is all), como já cantava uma antiga música! De fato, o amor, especialmente o amor cristão – capaz de perdoar, de se doar, de compreender... –, é fundamental para que a educação seja de boa qualidade e possa produzir os frutos desejados: filhos bem educados, em todos os sentidos! Os pais, portanto, não podem esquecer-se de que vale mais o Amor do que o rigor!; mais a compreensão do que a punição (especialmente aquela exagerada); mais o diálogo (em que “os dois” falam!) do que o sermão... Não estarão, muitos pais, deixando-se guiar mais pelo rigor, do que pelo Amor?... O rigor excessivo pode produzir o efeito contrário àquele desejado. O pai deseja o bem do filho, mas o trata com rigor militar!... E esquece de dar o carinho, a atenção, a amizade de que o filho precisa. Ora, punição exagerada, e sem que o filho tenha clara a razão da punição, e, além disso, feita com expressões de raiva e decepção, provocam no filho sentimentos confusos em relação ao amor dos pais. Será que isto é amor? – pensa o adolescente. Mas que amor é este que faz sofrer e entristece a quem errou?... Toda punição deve ser aplicada “com amor”, sem expressões de raiva, de decepção, de cansaço diante do filho. Que cada pai, cada mãe, faça sua auto-avaliação. Estou apenas chamando a atenção para esse aspecto negativo da punição, quando é feita associada à raiva e não ao amor.
O papel do carinho, expresso especialmente por meio do afeto, do aconchego, dos beijos freqüentes, é fundamental para a boa educação dos filhos e para o seu equilíbrio psíquico. As expressões de amor, realizadas de tempos em tempos por meio de pequenos “presentes” inesperados, por meio de conversas sobre amenidades, por meio da presença dos pais na vida dos filhos, e tantas outras formas práticas de “educação natural pelo amor”, são fundamentais para o sucesso na educação dos filhos.
Educação por imitação
A educação se dá por imitação, muito mais do que por sermões ou regras a serem seguidas, ou por “ameaças”, mesmo que educativas. Quando o pai chama a atenção de um filho ou uma filha de forma agressiva, violenta, raivosa, a lição que o filho aprende não se relaciona ao conteúdo “educativo” da advertência, mas à sua forma: ele “aprende” a ser agressivo, raivoso, violento... É o efeito contrário sendo atingido: busca-se educar por meio da advertência verbal (ou mesmo, ainda pior!, violenta), mas dá-se o “mau exemplo” do relacionamento agressivo e raivoso... Onde está o amor, nessa situação? Sem amor, a educação se perde... Pode-se concluir, que a educação se torna muito mais efetiva e eficaz – especialmente com crianças a partir dos sete a oito anos – por meio dos “exemplos”. Um mau exemplo de agressividade ensinará a ser agressivo; um mau exemplo de violência, ensinará a ser violento... Por outro lado, “bons exemplos” de compreensão, de diálogo, de carinho, de amor, serão imitados, naturalmente, pelos filhos. Se um pai quer ensinar um filho a pedir desculpas, peça-lhe desculpas por algum eventual erro seu!... Não existe melhor ensinamento do que este: o pai, com humildade, reconhece seu erro, diante do filho, e, com olhos lacrimejantes, pede-lhe perdão! – O filho está tendo uma lição de vida inestimável! Não existe melhor recurso educacional para formar os filhos, do que os bons exemplos!
Explorando um pouco mais o tema do bom exemplo, poderíamos citar:
- Quer ensinar o filho a não jogar lixo no chão? – deixe-o vê-lo guardar um papel de bala no bolso, se não há por perto uma lixeira!
- Quer ensinar o filho a respeitar os mais velhos? – deixe-o vê-lo cedendo o lugar em um banco a uma pessoa idosa!
- Quer ensinar o filho a ir à igreja? – vá você, com frequência à igreja, e o convide – sem forçar! – a acompanhá-lo!
- Quer ensinar seu filho a estudar, a valorizar a leitura? – deixe-o vê-lo estudar, pesquisar, ler, buscar o conhecimento e usufruí-lo em família.
- Quer ensinar o seu filho a ser honesto? – deixe-o vê-lo devolver um troco em excesso!
- Quer ensinar seu filho a ser caridoso? – deixe-o vê-lo fazer a caridade, levando-o a visitar um asilo, um amigo doente!...
- Quer ensiná-lo a amar as pessoas? – demonstre claramente esse amor por meio de gestos concretos de tolerância, de compreensão, de carinho, de amizade, de fraternidade.
Quer seu filho uma pessoa otimista? – demonstre otimismo em suas posições e atitudes diante da vida...
Estou convencido de que os nossos exemplos, bons ou maus, têm o poder de influenciar as outras pessoas, seja na família, seja no trabalho, seja no trânsito... Especialmente dentro do ambiente familiar, devido ao ambiente de amor preexistente, os bons exemplos terão, certamente, efeitos educativos muito positivos. Ah se os pais conhecessem e praticassem a metodologia do bom exemplo!... Quanto sofrimento seria evitado! Quantas vidas adolescentes seriam mais bem encaminhadas, para o bem de todos! Como a educação seria mais eficaz e produtiva!
Todo adolescente, toda criança, naturalmente identifica-se com seus “heróis”, seus “ídolos”. E os pais, preferencialmente, devem ocupar esses papéis. Se os pais não conseguirem, os filhos tenderão a buscar, inconscientemente, outras pessoas para esses papéis. Mas os pais já têm uma grande vantagem: a vantagem do amor paterno, do amor materno... Com base em relações familiares amorosas os pais podem desenvolver relações de companheirismo, de confiança, e até de amizade com os filhos, de tal forma a “conquistá-los”, a fazer deles seus aliados, seus fãs, seus amigos de verdade! Esta amizade com os filhos, embora questionada por alguns psicólogos e educadores, é possível de existir sem abrir-se mão da sadia autoridade dos pais. Autoridade que não se confundirá com autoritarismo! Os filhos precisam, tanto da amizade dos pais quanto de sua autoridade! Esta acontece, por exemplo, quando o pai, estando brincando com seu “amigo”, interrompe a brincadeira e, com autoridade respeitosa e amorosa, coloca a criança para dormir, porque deu a hora...
Educar com amor incondicional
O amor aos filhos deve ser um amor “incondicional”! Os pais amem seus filhos não pelo que eles dizem ou façam, mas, sobretudo, pelo que eles “são”: em primeiro lugar, filhos dados por Deus para aprenderem a amar, a partir do amor dos pais, que devem ser como que imagens de Deus, que é, ao mesmo tempo, Pai e Mãe. Um amor incondicional, como o do Pai do Céu, é aquele, afinal, que ama “apesar de” e não “se”... Os pais amam o filho apesar de ele assumir uma orientação sexual inesperada; apesar de ele pensar diferente em muitos aspectos e campos da vida: política, religião, etc.; apesar de ele não demonstrar uma sintonia perfeita com os pais; apesar, até mesmo, de ele seguir caminhos éticos questionáveis pelos pais... E como demonstrar esse amor incondicional? Não há alternativa: são demonstrações inequívocas de compreensão, de respeito, de solidariedade, de amizade. Afinal, os amigos não merecem nosso respeito? Apesar de não seguirem, exatamente, nosso sistema educacional, ou nossos princípios, nossos pontos de vista?... Se os amigos merecem esse respeito, muito mais os filhos, “carne de nossa carne”!
Os pais nunca devem desistir dos filhos, abandoná-los à própria sorte! Como na parábola do filho pródigo, o pai está lá, dia após dia, olhando na distância – não abandonou a esperança! –, na expectativa do retorno do filho... E ele não só esperou o filho voltar e pedir-lhe perdão, mas antecipou-se e foi, apressadamente, ao seu encontro e só teve palavras de amor e compreensão diante daquele que tanto o decepcionara... Assim é o Amor do Pai! Assim deve ser o amor dos pais! Se o filho errar e acabar arrependendo-se, ele precisa ter a certeza da presença silenciosa e esperançosa dos pais, sempre na torcida, sempre na oração por ele... Até essa consciência de que os pais estão ali, amando apesar de tudo, será um fator misterioso, mas eficaz, a trabalhar pela conversão do filho, pela volta do “filho pródigo”, do filho rebelde, do filho ingrato, do filho desviado... Sem a certeza do amor incondicional dos pais, tudo poderá tornar-se fator de ainda maior desagregação para o filho, que poderá perder-se totalmente no mundo. Diante de alguma luz repentina de arrependimento, voltar para quem?... voltar para onde?... se não há os pais a esperarem! se não há um lar para onde retornar! E a luz do arrependimento pode apagar-se, definitivamente...
Para ajudar um pouco na missão dos pais, e para que estes acreditem que o mais importante nessa missão é o amor, vale a pena (re)ler a poesia de Gibran Khalil Gibran:
“Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.”
( Gibran Khalil Gibran )
Um pensamento-chave nessa poesia vale a pena ser retomado: “Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós”. Esta é uma grande verdade! Se pensarmos profundamente, constataremos que, de fato, não poderemos “fazê-los como nós”, fazê-los semelhantes a nós, mesmo que nos consideremos um bom modelo de pessoa. Na verdade, não há modelos para ninguém. Cada ser humano é uma obra originalíssima de Deus! Todas as outras pessoas serão apenas, e no máximo, fontes de inspiração para sua vida. Uns terão mais importância como “inspiradores” do que outros; mas, sobretudo, os pais deverão estar entre aqueles que mais contribuem para as opções e os caminhos a serem percorridos por alguém. E nada como ter consciência do conteúdo maravilhosamente verdadeiro da poesia de Khalil Gibran: “Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos...”. Sim, o Amor faz a diferença! E só pelo amor incondicional os pais poderão educar verdadeira e eficazmente os seus filhos apesar de todas as dificuldades do mundo de hoje.
Mas se o amor é a chave do sucesso na educação dos filhos, e considerando-se que Deus é Amor, nada mais sensato do que pedir a Ele forças para amar, forças no amor! A oração, então, torna-se igualmente fator-chave no processo educativo. Como já ensinava Sto Agostinho: Fazei tudo como se tudo dependesse de vós; e confiai, como se tudo dependesse de Deus. Confiemos, diariamente, a Deus nossas lutas e dificuldades, especialmente na missão de amar nossos filhos, e Ele nos ajudará, com certeza, por meio de suas luzes, sua bênção, sua proteção, seu Amor!
Autor:Wilson Aragão Filho
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